Hoje é dia de relembrarmos os acontecimentos do ano que está por acabar, e quem sabe ir mais além, talvez refletirmos sobre os muitos momentos vividos ao longo de mais um ciclo, afinal chegou o fim da primeira década do século XXI.
Balanços nos âmbitos pessoal, profissional e familiar fazem parte desse processo. Temos em mente, acredito que por razões culturais, que ao final de cada ano nos é dada a oportunidade de olharmos para trás e vermos tudo aquilo que pensamos, realizamos e vivemos. E até mesmo, quem sabe, conferirmos a lista de resoluções do ano passado, para verificarmos quantas das metas ali almejadas conseguimos atingir.
O fato é que nos enchemos de coragem para mudarmos coisas que nos desagradam, desde a decoração da casa até características de nossa personalidade. Acreditamos que a partir de janeiro tudo será novo em nossa vida assim como o ano.
Não faz-se necessária a vinda de um ano novo para que possamos imergir em nosso mais profundo intímo, e assim, despertarmos nossa ânsia por mudanças. Elas estão presentes no cotidiano, em cada decisão a ser tomada, na postura diante de desafios etc. Somos como as borboletas, estamos em constante metamorfose.
Carlos Drummond de Andrade, sabiamente, escreveu no poema Receita de Ano Novo: " É dentro de você que o ano novo cochila e espera desde sempre."
Para aqueles que não conhecem ou que não se recordam desse poema...
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
Feliz 2010!!!
Adorei a cara nova de seu blog.
ResponderExcluirO sonho tanto da largata como da borboleta é a liberdade.